Epaminondas Reis é ator e diretor. Fundou e coordenou, durante duas décadas, o Grupo Trama de Teatro. Com o Grupo Atrás do Pano, dirigiu o espetáculo Por Parte de Pai, com o qual recebeu os prêmios Usiminas/Sinparc 2012 de Melhor Espetáculo Adulto e Melhor Cenário. Agora, dá continuidade a essa parceria assinando a direção da nova montagem do Grupo, o espetáculo Quase Árvore.
Livremente inspirado na poesia de Manoel de Barros, o espetáculo narra a busca do menino Carocinho, acompanhado pelo velho poeta Carvalho, por seu pai (que é árvore) e sua mãe (que é passarinho). A partir de texto de Francisco Falabella Rocha e de um processo colaborativo de criação feito ao redor de uma árvore, Quase Árvore busca aprofundar a linguagem para a criança com humor e poesia, em um jogo de ator que extrapola a cena e convida o espectador a participar de sua construção.
Aqui, Epaminondas Reis reflete sobre a experiência na direção dessa montagem:
Nunca apresse a colheita. O bom fruto tem sua hora de florescer, é preciso respeitar o tempo de maturação. Sempre entendi o teatro dessa forma. É preciso dar tempo para que se estabeleça um trabalho de ator verdadeiro e sensível.
Tanto no teatro como na natureza não há o que inventar, deixo isso para os poetas. Para se plantar uma boa ideia no teatro ou uma boa semente na terra, o que se tem a fazer é escolher bem o terreno: adubá-lo, regá-lo e não apressar a colheita. Como na natureza, às vezes escolhemos o terreno errado. Muito cascalho, muito sol ou sombra demais. Aí não adianta insistir, o que se tem a fazer é replantar a ideia em outro terreno, sem apego.
Seguindo esses ensinamentos, fomos pouco a pouco, ou “quase quase”, encontrando a nossa estética. Sem pressa, também encontramos, ou quase encontramos, a amizade entre Carvalho e Carocinho. No teatro, sempre é saudável ficar “no quase” - a busca é e deve ser cruelmente infinita.

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